terça-feira, 12 de outubro de 2010

A MOSTRA SESC E AS TEMPORADAS NO SESC

Gentes.

A Mostra Sesc Pelourinho impressiona pela qualidade artística das produções que participam, pelo primor na produção que é característico dos trabalhos do Sesc e, sobretudo, pelo sucesso de público que sempre é, em todas as suas edições. Salas lotadas, a galera se estapeando por um ingresso, arena lotada de um público diverso. A gente encontra amigos e se diverte muito, além de se emocionar, como aconteceu hoje com o espetáculo TROPEÇO do grupo TATO CRIAÇÃO CÊNICA http://www.tatocriacaocenica.com.br/.

UMA PEÇA À LUZ DE VELAS


O espetáculo é um primor de técnica, de dramaturgia, de encenação, de leveza, enfim, um momento de puro prazer e encantamento, através de gestos (literalmente) muito simples. Dois atores-animadores dão vida através do trabalho de suas mãos apenas vestidas, sem bonecos, a duas velhinhas que moram juntas e vivem as coisas prosaicas da vida.

Através da construção dos movimentos das personagens, com uma luz de velas iluminando um cenário pequeno mas repleto de possibilidades semânticas, além de uma trilha muito simples e primorosa executada pela atriz Katiane Negrão, somos levados para um riso gostoso, leve, doce, como se tivéssemos uma sensação de nostalgia-ao-contrário daquilo que ainda vamos viver. As velhinhas de Katiane e de Dico Ferreira são uma possibilidade encantadora para nós que somos assim, meio alternativos e que, como os caretas, envelheceremos, mas diferente destes, vamos continuar (eu espero) dançando, fumando, bebendo, amando, conforme depoimento dos próprios atores em bate-papo.

E assim, rindo e nos divertindo com aquelas doces senhoras a gente vai sendo conduzido ao final do espetáculo e leva nossa porradinha no coração. Enfim, quem foi e viu, sabe do que tô falando. Um primor que os atores construíram, literalmente de novo, com as próprias mãos.

Tem uma sensação que me acomete sempre que vejo espetáculo que considero excepcionais. Primeiro eu sinto uma alegria imensa em ver trabalhos bons. Sinto mesmo um quentinho no coração, como se dissesse para os artistas: 'Pô, galera, que bom que vocês fizeram isso. Que bom que isso tudo existe. Que bom ser gente'. Eu sei que tá ficando piegas, mas tenho até vontade de chorar e não foi uma nem foram duas vezes que eu chorei em espetáculos, simplesmente porque me emocionei com o fazer dos colegas.

A outra sensação que me pega é 'como eu queria estar fazendo isso'. Em segundos, sem sair da fruição da obra, penso em minha trajetória, penso no que fiz, no que faço e no que gostaria de fazer e me sinto feliz por ser artista. Um pouco triste por fazer menos do que gostaria, mas contente por fazer mais do que a minha lida cotidiana talvez permitisse.

 E AS PEÇAS DA GENTE NO PELÔ?

Agora eu quero tentar entender também, porque a Mostra Sesc consegue uma mobilização tão boa e aquele teatro vira um espaço de encontro e geralmente as nossas temporadas lá são tão difíceis de levar público.

Alguns acham que a divulgação é mais consistente, mas eu já deixei de achar que a questão do público de teatro seja divulgação. O que eu comecei a pensar, conversando com amigos é que tem uma questão que é, as peças da mostra ficam um dia só e geralmente quem vai assistir são as mesmas pessoas, da classe teatral, ou da classe artística, tanto que o encontro é sempre muito agradável, porque é um encontro de amigos.

Outra possibilidade é justamente que nestes eventos o ENCONTRO parece fazer parte da programação. É como se fosse uma grande festa. Então, talvez fosse o caso de as peças que entrarem em cartaz no Pelourinho pudessem pensar em estratégias coletivas que gerassem esse burburinho e que pudesse oferecer uma programação diferenciada, onde a peça fosse parte do cardápio e não uma opção isolada.

Enfim, foram pensamentos que vieram na roda.

 E você, o que acha?

Amanhã vou ver Mi Munhequita que Alam viu em Guaramiranga e disse que é ótima. E olha que eu pra sair de casa é um milagre, viu.

O que você viu na  Mostra que te agradou? Diz aí pra gente.

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