quarta-feira, 22 de junho de 2011

BOAS FESTAS JUNINAS

Caros amigos e amigas.

São Jão é no interior, né? E no interior a vida real - felizmente - ainda é maior, bem maior, que a vida virtual. Pelo menos no meu caso.

Assim, não tenho muito acesso à INTERNET quando estou na casa da minha família e, cá pra nós, não me mobiliza muito ir à lan-house.

Assim, ficaremos um tempo sem postar, sem atualizar as páginas, mas - sem dúvida - atualizando a vida e produzindo muita experiência a ser postada, fotografada ou mesmo encenada no futuro.

Grande abraço a todos!

Bom São João, São Pedro e 2 de Julho!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dez minutos com Armindo Bião

No dia 06 de junho de 2011 visitamos, para um rápido bate-papo, o multifacetado Armindo Bião clique aqui para assistir ao bate-papo. Ator, encenador, professor, pesquisador e ser humano. Inteligentíssimo, generoso e acessível. Baiano, brasileiro, cidadão do mundo. Perdoem-me a rasgação de seda, mas ela (a rasgação), coitada da seda, é inevitável.

Quando eu vim para este mundo chamado São Salvador, oreba que eu era, e meio que sou até hoje, foi através do trabalho desenvolvido junto à figura deste professor que identifiquei meu caminho acadêmico e artístico. Do pioneirismo do seu trabalho à frente do PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS - PPGAC do qual fui bolsista de iniciação científica através do Grupo Interdiciplinar de Pesquisa e Extensão em Contemporâneidade, Imaginário e Teatralidade (GIPE-CIT), resultou a criação da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE). Vale salientar que o PPGAC tem conceito 6 junto a CAPES.

Bocas do Inferno - 1979 - Armindo Bião e Gessy Gesse

Licenciado em Filosofia pela UFBA, é Mestre pela Universidade de Minnesota (EUA), Mestre e Doutor pela Universidade Ren Descartes Paris V Soborne e Pós-Doutor pela Universidade de Paris Ouest Nabterre La D fense (França). É Professor Titular Associado, no Brasil à Universidade Federal da Bahia, e, na Europa, à Universidade de Paris Ouest Nanterre La D fense entre outras instituições. Também é blogueiro ARMINDO BIÃO - clique aqui.



Em agosto do ano passado (2010) estreamos juntos "A gente canta Padilha", ele como diretor eu como ator inserido numa renca de outros atores e atrizes.


Este espetáculo é, por assim dizer, um braço de uma pesquisa, ainda em andamento, sobre a figura histórica, fantástica e ficcional da Maria Padilha intitulada Mulheres por um fio (inferno, purgatório e paraíso no Atlântico Norte). ASSISTA À AULA ESPETÁCULO CLICANDO AQUI.

O espetáculo fez duas vitoriosas temporadas no Teatro Martim Gonçalves e participou do XVII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, Ceará. Este ano estamos batalhando uns editais aí para voltarmos à cena. A gente... tembém tem blog clique aqui para acessar o blog.

Ao meu querido, brilhante e amado mestre, este registro fique apenas como uma pequena homenagem que, como um para sempre encantado aluno, humildemente presto. É uma grande satisfação ter próximo a mim, a minha família, ao meu fazer teatral essa pessoa impar.

A Maria Padilha de Armindo Bião

Confira o DEZ MINUTOS COM... ARMINDO BIÃO.

Alam Félix



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terça-feira, 14 de junho de 2011

SANTO ANTÔNIO E A ESCOLA DE TEATRO

Sem título - Jackson da Silva - acrílico
Sem título - Miguel Carvalho - Aquarela, nanquim, gliter: técnica mista

Casamento na roça
13 DE JUNHO - DIA DE SANTO ANTÔNIO, primeiro dos santos juninos a receber festa. E olha que na maioria dos lugares onde ele é homenageado, a festa começa no dia 1º. São as chamadas trezenas de Santo Antônio.

Não por acaso, 13 de junho é aniversário da Escola de Teatro da UFBA, essa linda casa que fica numa encruzilhada, bem no meio do Canela, nesse corredor cultural que abriga a Escola de Belas Artes, Teatro e Música (falta Dança que tá lá longe, em Ondina!)

Já não dá mais para saber se as homenagens ao Santo são por conta da data de fundação da escola ou se a data escolhida foi em homenagem ao santo. Mais isso é só um detalhe. Segundo BIRA FREITAS, (veja no DEZ MINUTOS COM...) a Escola de Teatro nasce em 1956, mas o Teatro Santo Antônio (que ocupa parte do então SOLAR SANTO ANTÔNIO) só seria inaugurado em 13 de junho de 1958, pelo então Diretor da Escola, Profº Eros Martim Gonçalves, que hoje dá nome ao Teatro que já foi do Santo. Tô certa, Jussi? (Jussilne Santana faz doutorado no Programa de Pós Graduação em Artes Cêni as da UFBA e estuda o trabalho de Martim Gonçalves).

Antônio Meu Santo - Fred Alvim
Eu gastaria horas aqui falando da importância dessa escola na vida cultural da cidade, do estado, do país. E gastaria mais horas ainda falando de sua importância na minha vida. Há exatamente dez anos (vou fazer um DEZ ANOS COM... A ESCOLA DE TEATRO, rsrsrsrs) eu entrava no curso de licenciatura.

Lá, conheci muitos dos meus grandes mestres, colegas, amigos e alunos. Lá me descobri a mim mesma. Lá uni a experiência artística com a experiência pedagógica (eu já era atriz e professora de inglês). Lá engravidei (não lá exatamente, né gente, apesar de Alam ser colega... rsrsrs) Fiz o segundo semestre barriguda, o terceiro eu tranquei para parir (hoje faz 9 anos que eu pari João Vicente) e o quarto fiz com uma filha brincando ao meu lado e o outro mamando no peito. Coisas de calendário de greve. A creche fechada e a gente tendo aula.

No ato de 4 eu apresentei minhas propostas de cena, no estágio, me reconheci educadora. Através do Profº Luiz Marfuz ingressei no Liceu, onde, além de aprender tanto sobre a profissão e a vida social, fiz minha cerimônia de colação de grau, na qual fui oradora. Pra Escola de Teatro (agora temos que falar sempre da UFBA porque na UESB também tem!) voltei tão logo me formei na graduação, para fazer o mestrado e no mesmo semestre, entrei como professora substituta. Mais uma vez, eu estreava, agora como professora do ensino superior.

Barraquinha de bebidas típicas
Mas, peraí que o post não é sobre minha trajetória e sim sobre a escola. Desculpe-me, foi um deslize nostálgico, que eu vou manter...

Voltemos à escola...

A bela exposição SANTO ANTÔNIO NO SANTO ANTÔNIO ocupa a Galeria Nilda Spencer. São obras homenageando o Santo. Com curadoria do Profº Maurício Pedrosa (veja também no DEZ MINUTOS COM...) a exposição reúne obras de diferentes artistas, ligados todos eles às artes cênicas ou à escola. Vale a pena visitar. Ficará em exposição até o final da semana que vem, sempre a tarde ou antes do espetáculos em cartaz no Martim Gonçalves.

Thadeu Cajado - Estandarte



 Uma linda festa feita quase que exclusivamente por alunos. Muitas barraquinhas no melhor estilo junino, comidas típicas. Senti falta do forró. O dilúvio caía pesado. Calma, São Pedro, seu dia vai chegar... deixa a festa do outro. Tinha cadeia, recadinhos de amor e barraca de beijo. Meninas e meninos vestidos a caráter e até casamento torto. A noiva estava tão linda!!!
 
 Com organização dos alunos, a festa tava que era uma animação só (veja as figuraças no DEZ MINUTOS COM...). Eu só estranhei que era uma festa em homenagem ao aniversário da Escola, mas parecia mais uma confraternização de estudantes. Não que isso seja um defeito, muito pelo contrário, mas me espantou a ausência de professores e funcionários. Digo ausência, mas na verdade é a baixa presença. Vi um ou outro professor e funcionário, como confirma o DEZ MINUTOS COM... feito com representantes das três instâncias. Eu sei que num momento de festa, não há instâncias (ou não deveria haver), mas acho que a festa feita pelos alunos em homenagem à escola - que é de todos - com baixa adesão dos professores e funcionários, pode ser um sinalizador importante. E se fosse uma festa oficial? Com peça importante no MARTIM GONÇALVES, figuras importantes da política local, coquetel com pró-seco? Quem seria o público da festa? Mesmo que a escola esteja sem verba para fazer uma festa assim, acho que a iniciativa dos alunos de promoverem uma festa a seu modo, deveria ser considerada uma festa da escola e por tanto ser acolhida por todos. Só um comentário. Essa minha mania: vi e quero comentar...

Santo Antônio - Hamilton Lima - Pintura em Vinil
Mas, com chuva e com pouca adesão dos professores, foi uma festa linda. Os estudantes de licenciatura em teatro são realmente uma coisa linda, se esforçam, se jogam ladeira abaixo, pagam o mico que for e, lindamente, se mobilizam, trabalham em grupo, realizam na fartura e na 'faltura' e têm uma capacidade incrível de serem felizes. Reclamam... Deus como reclamam... mas sabem do que falam (quase sempre) e tem um talento para argumentar prolixamente. Ponto para nós, professores, que botamos esse povo pra ler Paulo Freire e sua gente esquentada: Boal, Flávio Desgranges, Rubem Alves, entre tantos outros.

Festa sob chuva
Tinha barraquinha de Interpretação também, para não dizer que eu sou parcial (tá eu sou parcial...). É que eles estavam quietinhos, tímidos, com uma barraquinha quase blasé no escurinho. Acho que é medo de dar pinta e jogar o nome na medina, né e nunca mais ser chamado pra fazer nada... Enfim. Gente de direção, eu não reconheci, mas também num procurei...

Saímos no auge da festa. Já estamos envelhecidos e chega uma hora que festa de jovem é pra jovem. Eu assumo e respeito.


HQ do Santo Antônio - Priscila Pimentel
 A alegria dessa galera me encheu o coração e fico feliz demais por saber que a escola está em tão boas mãos. Mãos de estudante. Mãos de quem é o coração daquilo, razão primeira  e fundamental. Gente cada vez mais colorida, cada vez de bairros e cidades mais distintas. Gente com experiência de ong, de associação de bairro, de igreja, de escola particular ou pública, de rua... Gente que se emociona com teatro para crianças, para jovens abandonados pelo mundo capitalista, para velhos, para cegos, para surdos, para excepcionais (na minha época era esse nome e eu nunca aprendi o nome de hoje...).

Gente que estuda Boal, dramaturgia, interpretação, plateia, ensino de teatro, jogo, Brecht, novela, cordel, palhaço, educação inclusiva, educação de jovens e adultos, improvisação, corpo e voz, Stanislavski, história do teatro, Denise Stoklos, cenário, figurino, maquiagem, trilha sonora, Nelson Rodrigues, recepção, cultura, filosofia, , Artaud, epistemologia, hermenêutica... (já tá quase virando piada...)


Mais festa
 Um povo que entra procurando pelo arco-íris e que ao invés de encontrá-lo, o constrói:

Cada arco, cada cor, cada prisma deste arco-íris é o olhar de um aluno de teatro.

E nesses 55 anos desta escola linda e produtiva, é assim que eu quero parabenizá-la. Começando por seus alunos. Respeito e reconheço a importância do professor (posto que eu mesma sou uma), dos funcionários e técnicos e sei que a escola é e sempre será o encontro dessas três dimensões do existir, todas e cada uma delas como parte da sociedade. Mas quero declarar minha paixão INCONDICIONAL aos estudantes porque a escola é deles, a escola é eles. Sem eles, não há escola, não há professor, não há processo de ensino aprendizagem, de criação artística, de encontro.

Santo Antônio e Tia Cota - Raimundo Matos Leão
A César o que é de César. A Antônio o que é de Antônio.

Evoé, Escola de Teatro da UFBA, minha parceira de dez anos. Vida longa a essa coroa, nobre e majestosa.

Que Santo Antônio continue abençoando este casamento feliz de mestres e aprendizes, de iniciantes e experientes. Esse casamento profícuo da curiosidade com o conhecimento. Da vontade de fazer com a capacidade de realizar. Da inspiração artística com a leitura criadora. Essa ponte interminável entre o professor-artista que forma o professor, que forma o artista, que vai formar outro, e outro e outro e assim até o fim dos tempos, porque só depois que acabarem os tempos, a arte descansará.



ANTES DE MIM
VIERAM OS VELHOS
OS JOVENS VIERAM DEPOIS DE MIM
E ESTAMOS TODOS AQUI

NO MEIO DO CAMINHO DESSA VIDA
VINDA ANTES DE NÓS

E ESTAMOS TODOS A SÓS

NO MEIO DO CAMINHO DESSA VIDA
ESTAMOS TODOS NO MEIO
QUEM CHEGOU E QUEM FAZ TEMPO QUE VEIO

NINGUÉM NO ÍNICIO
OU NO FIM

(jovens e velhos - adriana calcanhoto)

Ogum - Rodolfo Troll

Gruta de Santo Antônio - Haroldo Garay

As fotos deste post, pra variar - são de Alam Félix. Você conheceu algumas das obras da exposição e conheceu também a alegria de fazer parte da história e da felicidade da ESCOLA DE TEATRO DA UFBA.


Não deixe de ver o bate-papo com Bira Freitas, coordenador do Teatro Martim Gonçalves, Maurício Pedrosa, Chefe de Departamento da Escola e Curador da Exposição SANTO ANTÔNIO NO SANTO ANTÔNIO, com Fernanda Silva, estudante do 5º semestre de Licenciatura em Teatro e Shandra Andere, estudante do 1º semestre de Licenciatura em Teatro. Agradecimentos especiais a Diego Valle, que segurou o guarda-chuva para não molhar o equipamento (sacanagem...). DEZ MINUTOS COM...CLIQUE AQUI.

Altar - Ademir França
Oratório - Maurício Pedrosa

Antonius Santis - Maurício Pedrosa - Materiais Diversos





Sem título - Jackson da Silva - acrílico sobre madeira



sexta-feira, 10 de junho de 2011

OITO ANOS DE FINOS TRAPOS



Um Fino Café.
Uma Fina Companhia.
Finos integrantes.
Fina alegria.

Assim - fina - foi a comemoração desse povo trapiano, esse povo cheio das antíteses do mundo contemporâneo:

É de Salvador ou de Conquista?
É teatro regional ou universal?
É a Finos de Roberto ou Roberto da Finos?

Tantas perguntas e tão pouca preocupação em achar respostas.

A Finos está no cenário há oito anos, mas parece muito mais. Espetáculos, Pesquisa, Residência artísitica, intercâmbio, interferências... Essa gente bonita e brejeira, boazinha e conquistadeira, ganha edital, ganha Braskem, ganha nosso carinho, ganha elogio, ganha crítica, mas continua assim, com esse jeito catingueiro de dizer CONQUISSSSSSSSSTA com todos os 'ésses' que a palavra tem.

E eu amo muito esse povo e já escrevi sobre eles outras vezes. Ficam os depoimentos de outros dmiradores deste lindo grupo, um delicioso bate-papo com essa galera linda, o Fino Blog para vocês acessarem e mais uma vez, o link de um comentário que eu escrevi sobre Gennesius.

O post sai com 08 dias de atraso em homenagem aos 08 anos do Grupo. (Mentira, é porque eu tô trabalhando muito no mundo real e blog é coisa que requer tempo!)





Uma retrospectiva visual da nossa amadíssima FINOS TRAPOS.
Fino aquecimento e concentração

SAGRADA FOLIA
Daisy Andrade em SAGRADA PARTIDA

Polis Nunes e Rick Fraga em SAGRADA PARTIDA
AUTO DA GAMELA

AUTO DA GAMELA
Yoshi Aguiar e Frank Magalhães em GENNESIUS - Histriônica Epopéia de um Martírio em Flor
Shirley Ferreira em GENNESIUS

Finos Bastidores


Finas leituras



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Reunião da SECULT com representantes do teatro profissional - um passo atrás

Gente, eu ouvi e nem fui verificar obstinadamente a verdade da notícia, nem pesquisei fontes, nem nada. O próprio burburilho já me foi suficiente para lamentar. Se não for verdade, tanto melhor.

Ouvi a boca pequena que a FUNCEB e posteriormente a SECULT estão promovendo encontros, quase às escondidas, com o PESSOAL DO TEATRO PROFISSIONAL. Tem até um indicativo de não espalhar o convite!

Nooooooooossa Senhora. Que belo começo, hein.

A única coisa que me veio à cabeça foi:

As viúvas de ACM venceram!!!

É, isso mesmo, aquele grupo que sugeriu num manifesto, muito arbitrariamente, que a Cultura da Bahia estava na UTI.

É, aquele grupo que tentou durante quatro anos detonar as ações de Márcio Meirelles.

É Márcio Meirelles, aquele secretário que no início de sua gestão encarou a classe ABERTAMENTE numa primeira das muitas reuniões ABERTAS, eu insisto. Ele teve coragem de encarar as Tainãs da vida - coisa que pouca gente tem - os radicais do Teatro de Rua, Movimento Negro, numa reunião sobre Cultura, sobre Teatro e não somente numa reunião específica, fechada, separada sobre teatro de rua.

Ora, quantos equívocos a gente pode cometer fazendo essas distinções ultrapassdas e que não podem de jeito nenhum servir ao bem comum. TEATRO DE RUA, TEATR PROFISSIONAL, TEATRO AMADOR, TEATRO DE ARENA, TEATRO ITALIANO, TEATRO REALISTA, TEATRO-SOCIAL. TEATRO BOM, TEATRO RUIM...

E aí eu fiquei pensando em como a gente pensa e faz teatro aqui em Salvador. Em como a gente divide o tempo todo TEATRO PROFISSIONAL e TEATRO RUIM, que chamam por aí eufemesticamente de SIMPLIZINHO..

Fiquei vendo e pensando em como a gente separa os pequenos dos grandes e como uns tratam os outros.

Tem gente que no facebook grita que somos uma roça, uma provincía, mal sabendo que eles próprios fazem dessa cidade um feudo! Suas posições e ideias ultrapassadas, colonizadas, escravizadas por um modelo vigente, esvaziadas de vigor e criatividade, lamentam nossas principais características chamando-as apenas de defeitos ou incapacidades. E nunca é demais lembrar: ESSA VONTADE DE SER EUROPEU QUE NÃO PASSA!

Nós, do blog (e quando eu encho a boca para falar nós eu tô falando eu e Alam) temos feito esse acompanhamento dos espetáculo, vocês sabem. Só que, mais do que as peças em si, vemos bizarrices sem noção.

Percebemos a diferença GRITANTE no modo como as produções nos recebem. A forma como algumas pessoas nos olham, como se perguntassem: quem são esses?

Fora os que nem se nos dirigem a palavra. Vocês acreditam que tem diretor que manda resposta pelo produtor, e se quer vem falar com a gente? É, seu secretário, são os artistas profissionais. Será que eu sou blogueira profissional? Eu não ganho dinheiro fazendo o blog (muito pelo contrário) - Eu bem que queria um milhão!!! Mas eu também não fiz curso superior de blog. E tem? Como faz para ser profissional?

ETIQUETAS, ETIQUETAS!!!

Percebem como as etiquetas não servem mais? Percebem como não dá mais para ficar brincado de ser moderno quando o mundo já é pós? A quem serve dividir os artistas da Bahia em profissionais e amadores? A quem serve fazer reuniões às escondidas? Para resolver o que? O que vai ficar para eles e o que vai sobrar para nós? Sim, porque eu não fui convidada, então eu sou o resto, eu sou nós. Nós somos os nós!

Pois eu digo: Eu sou profissional e não fui convidada para essa reunião!!!

Você é?

Você foi?

E que eu não fosse profissional, que fizesse teatro declaradamente amador. Vai me chamar para definir sobre o destino do resto? do que sobrou?

E eu acho que o mais grave de tudo é essa coisa fechada, chamar alguns e depois outros. Por quê? Como vai ser possível tocar uma pasta de cultura assim, separando e elegendo? Quem fez a lista do profissionais de Salvador? Ou foi da Bahia?  Porque a Secretaria é estadual.

Quando é que eu vou ser chamada? Vai ter uma reunião para blogueiros de teatro?

Eu vou para umas mil reuniões, então, porque eu sou atriz profissional (tenho DRT), tenho um grupo de 10 anos de atução, sou professora de teatro, sou fomentadora cultural através do meu trabalho no blog, sou espectadora, sou pesquisadora (doutoranda em teatro)... e aí? Como vai ser? Pra que reunião eu vou?

E olha que eu sou muito otimista com Nehle Frank, uma mulher de teatro, desbravadora, de vanguarda, realizadora. Mas, esse começo, realmente, não foi dos mais simpáticos e promissores.

Espero que eu esteja enganada e que o barulho dos que querem grandes cifras do governo para fazer suas peças européias não venha a dar resultados nesse começo de segundo mandato DESASTROSO de Jaques Wagner.

Não, porque de um governador que vai bater recorde de pedágio (4 de Salvador a Alagoinhas, 7 a Vitória da Conquista), que corta salário de professores em greve legítima, diz na TV que não cortou e que aparece vendendo a barba para ajudar ONG paulista, realmente pode se esperar de um tudo.

Espero ainda que as ações realizadas na gestão de Márcio Meirelles em relação ao interior da Bahia não sejam abandonadas, mas sim ampliadas e melhoradas.

Espero que os editais continuem contemplando grupos dos mais diversos perfis e tamanhos e com as mais diversas linguagens e estéticas e tempo de experiência. Estávamos construindo um belo modelo de gestão de cultura, onde os resultados não são imediatos. Espero que não troquemos este modelo por uma grande estreia que saia na lista da Bravo um mês e da qual nunca mais se tenha notícia.

Era só isso mesmo.



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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Em cima do palco, em baixo da lona

Vira Lona, Lona Vira.

Eu levei um tempinho tentando bolar um título que brincasse com o título da peça que a gente assistiu e vai comentar, mas o máximo que eu consegui foi isso mesmo.

Este é o primeiro espetáculo infato-juvenil que a gente faz aqui no blog e a estreia não podia ser melhor. O Grupo Via Palco, além do espetáculo, apresenta no Teatro Xisto Bahia - que eu já confessei que adoro - uma bela exposição fotográfica, com parte de seus 13 anos de trabalhos nos palcos, além de manter uma simpática lolinha onde as famílias podem adquirir brinquedos e camisas com estampas do universo circense.

Mas, vamos ao palco. O palco que vira lona, a lona que vira sonho, o sonho que vira peça.

Chegamos e uma luz muito bem desenhada nos recebe. Aos poucos, porém uma linda trilha sonora, que permeará e enriquecerá todo o espetáculo nos afasta da loucura do dia-a-dia e nos convoca a sermos crianças de novo. E que convite gostoso. E como é bom aceitá-lo.

As cenas vão se apresentando uma a uma, com a calma de quem tem tempo, não tem pressa e não tem medo. As crianças entram no tempo e na lógica do esptáculo e a gente já não sabe mais o que é sonho e o que é real.

Números de circo, como esquetes de palhaços, malabarismos, cambalhotas e outras peripécias corporais fazem a gente viajar como se fosse num circo mesmo. O palco vira lona, insisto. E a proposta se consuma: e se todos os números de circo fossem feitos por palhaços?

Os elementos visuais, desde o figurino, maquiagem e adereços, a iluminação são muito bonitos e bem cuidados. Agamenon de Abreu, que já encanta o cenário (literalmente) teatral de nossa cidade fazendo belíssimos cenários e figurinos para as mais diversas produções, foi muito feliz nas escolhas e na construção da imagem visual (isso é um pleonasmo?) deste espetáculo.

Mas o que enche os olhos mesmo, me desculpem pelo disparate linguístico é a trilha sonora, um belíssimo trabalho de Rubinho D'Ávila.

Ah, eu acho que ainda não falei que a peça não tem palavras, não é? João Lima já havia se aventurado em experiência parecida com O Sapato do Meu Tio (vencedor do Prêmio Braskem de melhor Texto - não é ótimo isso? - cujo cenário também é de Agamenon de Abreu).

Mas, voltando à lona, a trilha ocupa boa parte da construção da dramaturgia, escrita também pela movimentação dos atores, pelo tempo-ritmo do espetáculo, pelo recorte de luz, enfim, várias vozes a serviço de um espetáculo literalmente sem palavras que encantou toda a plateia que se ria como criança feliz.

João Vicente, meu filho, se pulava na cadeira com as peripécias dos palhaços, sobretudo Agamenon que enche o palco cada vez que põe em cena seu nariz vermelho. Hannah, mais comedida ria-se educada, mas efusivamente.


O fato de o espetáculo estar estreando traz um pouquinho de rigidez ainda à realização das performances, sobretudo as que envolvem um certo risco. Nada mais natural, né gente. Acho que com o tempo as acrobacias vão sendo executadas com mais precisão e naturalidade e também os jogos entre os palhaços, A cena das mágicas, por exemplo, na minha modesta opinião, podem ser feitas mais como brincadeiras, tirando um barato mesmo, afinal de contas são palhaços fazendo... Acho que Agamenon consegue essa pegada, pois ele executa sua mágica de brincadeira, e se diverte com ela. Acho os demais truques acabam sendo feitos com muita seriedade, que não contribui para a cena, já que são evidentemente truques aprendidos. Se esses truques fossem assumidos como tal (não esclarecidos, como Mr. M), mas se fossem ridicularizados (acho que essa é a pior palavra possivel, mas não tô achando outra) a cena ganharia muito em ritmo e em troca com a plateia. E acho o final meio abrupto, mas, como sempre lembro, eu só acho tá gente, se eu tivesse certeza de alguma coisa eu tava lá no palco, fazendo e não aqui escrevendo sobre quem faz. EU AMO ESSE ESPETÁCULO!

Bolinhas de sabão e música de caixinha
Bom, eu adorei a cena das lavadeiras. O jogo de Fábio Neves com sua interpretação leve e acolhedora e a bela e doce Naiara Homem, embalados pela trilha sonora é simpesmente encantador.

João Vicente escolheu a cena da água, Agá e Ive Alencar essa grande menina-atriz, brincando de ser chafariz. E que técnica, hein Agá? Uma caixa d'água!!!
Hannah encantou-se a cena da bailarina, mais uma vez pela leveza e brilho da interpretação de Naiara.


 Alam gostou do gol do Bahia, pois o safado estava fotografando a peça e ouvindo o BAHIA X FLAMENGO pelo fone do rádio... pode???

E a peça é assim: a gente sai lembrando das cenas, dando tanta risada quanto deu lá dentro, trocando ideias sobre as cenas e isso é uma delícia. A capacidade de manter crianças intertidas (como diz meu pai) com uma peça sem uma palavrinha se quer, sem gritaria, sem ruído, sem efeitos especiais tecnológicos é de fato um acontecimento.
E é tão bom ver esse acontecimento 'acontecer' no teatro, esse lugar de resistência. Esse pedaço de mundo onde o encontro pessoal é uma condição indispensável. Onde atores ainda se dedicam - há quanto séculos, meu deus? - a pesquisar, trabalhar, ensaiar, criar, para no fim, em cima de um palco - ou em baixo de uma lona - atirar-se à fúria dos espectadores, que esperam de boca aberta devorar o desafiante.

A menos, obviamente, que este ator/atriz o seduza, o convença e o conquiste. Conseguido esse feito, sai ele dali, coitado, talvez sem dar-se conta, completamente transformado, escravo dessa delícia, espectador adepto e carente de cada vez mais teatro.

Tá bom, né... eu perco um pouco a conta quando escrevo...

Assista ao discontraído bate-papo com elenco e diretor no DEZ MINUTOS COM... VIA PALCO Foi muito gostoso e divertido.

Ouça o que a plateia tem a dizer no GOL DO ESPETÁCULO

Se gostou das infromações da peça, dê um pulo no site do grupo CLICANDO AQUI.

Nunca é demais lembrar que este espetáculo é parte do projeto COOPERATIVA EM CENA, sobre o qual a gente já falou e ainda vai falar muito mais, pois estamos agendando um DEZ MINUTOS COM... a Diretoria da Cooperativa.

E, claro, não deixe de comentar, é tão bom acordar e ter comentário no blog.


FOTOS DO POST: alam félix


FICHA TÉCNICA
Roteiro: Criação Coletiva
Direção: João Lima
Elenco: Agamenon de Abreu, Ive Alencar, Fábio Neves e Naiara Homem
Cenário/Figurino: Agamenon de Abreu
Iluminação: Luciano Reis
Coreografia: Léo Luz
Técnicas Circenses: Edi Carlos (Binho) e Jailson Pereira
Trilha Sonora: Rubinho D'Ávila
Produção: Infinito Mais Um Produções