segunda-feira, 24 de outubro de 2011

DEFINIÇÃO DE BELO POR Elomar Figueira Mello



"A poesia é um texto oral, ou escrito, que pode estar preso a uma forma, ou não, ou uma forma livre, texto esse que para diferenciar de todos os demais textos como poesia, tem que trazer uma característica... qual é a característica que define, que separa um texto poético dos outros? Que marca profunda o texto tem que ter pra ser poesia? Essa é a pergunta.

Então, poesia é todo texto que nos traz um conceito sólido, firme ou vazio contanto que, para ser poesia, ele tem que nos tocar, nos abalar, nos sacudir. Ele tem que trazer em si, sabe o quê? A essência do Belo. Ela tem que ter a essencialidade do belo. O belo excelso. O texto que traz a excelsitude da beleza, isso eu chamo poesia!

Agora, dentro da poesia, por exemplo, existem poesias medianas, medíocres - que não deixam de ser poesia - e a poesia excelsua, soberana, majestosa, eloquente, grandiloquente, que quando chega nessa altura passa a ser obra prima. E se alguém me pergunte: O que é uma poesia excelsa, obra prima pra você Elomar? Não só na poesia mas na arte em geral, o Belo pra mim, é tudo aquilo que, além de nos fazer dar um leve arrepio, a mim, quer me levar uma ponta de inveja e na hora eu seguro e não tenho inveja de quem fez. Isso pra mim é a obra prima. É quando eu leio e falo: Puxa vida, porque é que eu não fiz isso? Mas aí na merma hora eu corrijo: mas eu posso fazer. Quer dizer, eu não fico no reino da inveja. É aquilo que desponta um pouquinho de despeita na gente porque a gente não fez aquilo.

Essa é uma confissão clara que eu tô fazeno aqui, realmente, que qualquer poeta puro ele tem que se confessar assim, porque senão ele tá sendo hipócrita. Vem uma vontade de sentir inveja, mas uma consciência superior, né, uma auto-crítica nossa diz: Não, cê num tem que ter inveja, nem precisa, cê pode chegar até a fazer maior, mais bela do que essa."

(...)

A poesia excelsua tem forma, tem eloquência, tem elgância, e sobretudo, que nos põe a imaginar junto com opoeta, com o demiurgo que fez a própria poesia. Nós viajamos com ele no poema dele. Ele nos conscita a, mesmo não sendo poeta, ele conscita-nos a sermos poetas também, a poetar com ele na viagem da coisa, da grande imaginação que ele fez.

... Rancou... três cadernos meus, espriralados. Só ficaram as capas encostadas. Ela arrancou as páginas durante os invernos. Poesia dos 15 aos 20 pra acender fogo de manhã cedo. Aí eu clamei pra ela: Mas, mãe, a senhora fez uma miséria dessa...

'Bestage, menino, cê escreve outros.'

Oh, gente, foi a resposta ingênua que ela deu, como se a poesia tivesse assim à mão, ao alcance, dentro do bolso, pra tirar, né.

É num instante que a poesia chega. Ela é mágica!!!"


Elomar Figueira Melo






Faixas 15, 16 e 17 do cd que acompanha o livro Tramas do Sagrado - A poética do sertão de Elomar de Simone Guerreiro.

2 comentários:

  1. Ameiiiii, eu tenho orgulho de ser caatingueira também!!! E VIVA ELOMAR!!!

    bjão "loconaa excelsua"!

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  2. Louca excelsua é a nossa cara, Flavinha!

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