segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

XEGA DE XÓPIM??? E o que mais???


Diante da foto compartilhada à exaustão sobre a relação entre Shoppings, praças, museus... cultura, arte e tal, pus-me a pensar naquilo que a gente quer, acha que quer, diz que quer, mas será que quer mesmo?

Confesso que eu mesma peguei no mouse pra compartilhar, mas mui honestamente me perguntei se era isso mesmo que eu achava. E fui refletir.

Primeiro eu me dei conta de que talvez a maioria de quem compartilha já tem um shopping perto de sua casa e com mutia certeza compra suas roupas, livros, dvd's, coisas das americanas lá. E lá também come um Mac ou Bob's ou Subway que é mais in. E lá também compra os presentes de amigo secreto. E também vai ao cinema, lá. E vai comprar o material didático seu ou dos filhos lá.

E também é engraçado que mesmo que o número de Shoppings em Salvador seja realmente muito alto, não cheguei a ver nenhum deles, mesmo os recém inaugurados vazios. Por tanto, demanda, há.

Aí pensei em todas as pessoas que vão ao Shopping espalhadas pelas ruas da cidade. Confesso que mesmo estando em Conquista, minha referência ainda é Salvador. Fiquei imaginando a Joana Angélica mais cheia do que já é, com todos os frequentadores do Piedade e do Center Lapa espalhados por aquele calor que derrete aquelas calçadas curtas.

E dei-me conta ainda de que a gente realmente tem problemas nas nossas exigências e manifestações de repúdio. Algo parecido com o tal do NÃO PRECISAMOS DE COPA DO MUNDO (Leia o texto clicando aqui ). A velha mania de jogar o bebê com a água do banho.

Não que eu defenda os Shoppings, muito, muito, mas muito pelo contrário. É um programa que eu, particularmente não curto. Também não sou cega sobre a relevância deste espaço social como ícone da geração capitalista extremista da qual fazemos parte e temos lá nossa parcela de contribuição. Mas, mesmo não sendo viciada em Shopping Centers, não posso deixar de ler o manifesto acima com alguma criticidade.

A culpa do crime nunca é da faca, já me disse Eduardo Galeano.

Questão Tostines (para os que tem mais de 30...) Foi o Shopping que arruinou nossa sociedade ou nossa sociedade podre criou o Shopping?

Para termos mais praças, museus, teatros e tal, precisamos mesmo pedir que não haja mais shoppings? Quem faz shoppings, não é a mesma tchurma que faz museus, praças e afins. Mas não mesmo.

Deixem lá os shoppings reunindo os fiéis do consumo. Eu também odeio tudo isso. Meus filhos, que têm uma experiência artística, cultural bastante intensa, também adoram shopping. É lá que encontram seus amigos, é lá que compram as coisas que os unem, que os identificam como adolescentes de sua época. Não sejamos ingênuos. Não é porque na nossa época não havia shoppings, pelo menos não tantos como hoje, que podemos gritar que somos imunes a esse mal. Eu adorava ir ao Mapping ou às Pernambucanas no Natal comprar meus presentes.

O que me preocupa com reclamações desse tipo não é nem a reclamação em si, é que ao pensar nela assim de modo tão supostamente definitivo, a gente pode deixar de pensar de fato nas questões que envolvem o tema. Dizer NÃO ao Shopping pode parecer político, mas só dizer NÃO, é tão pouco. Adianta o que dizer NÃO e fazer SIM? Onde terá esse povo todo comprado o computador, ou o celular ou o I-Pod de onde compartilhou a foto?

É muito discurso pra pouca reflexão, pra pouca ação. E dormimos o sono dos justos, o sono dos certos, botando a culpa da merda em que o mundo virou sempre nos outros. A gente é tão correto, tão politizado, né?

Eu quero é mais que os Shoppings reúnam sob luz e ar artificiais essa coisa estranha em que nos tornamos (vai dizer que você não adooooooora o ar condicionado do shopping!).

É assustador, eu também acho, mas não é dizendo NÃO ao templo que transformaremos essa religião.

Religião virou mercado e mercado religião.

Deixe essas lojas todas uma em cima da outra. Se for pra destruir, vai ser mais rápido. Ser for ficar a cabo do tempo, quando tudo isso estiver abandonado, pelo menos se terá gastado menos terreno.

Que nesse terrenos onde não ser construirão lojas (porque elas estão todas umas em cima das outras) neste terreno livre sim, que se construam praças, museus, arenas, campos de futebol, quadras, pistas de skate, quiosques, sob muitas árvores.

Mas até lá, tantas paredes que não as do shopping precisarão ser demolidas. Tantas...

Podemos começar com o protesto de quem compartilhou a foto de nunca mais entrar num shopping center. Quem topa?


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