Estou envolvida com uma atividade da Profª Sônia Rangel, da disciplina Processos de Criação, onde nossa tarefa é conseguir transportar o princípio da nossa pesquisa numa obra artística.
A atividade é desafiadora e tem-me tomado boa parte do pouco juízo que eu tenho. Mil coisas passam pela cabeça, dessas mil a gente dispensa mil e quinhentas e pensa de novo e se pergunta e não se responde, e visualiza o negócio pronto.
Não consigo ensaiar as cenas, apenas visualizá-las. Texto meu, também não consigo colocar a priori. Escolho textos de autores com os quais identifico proximidades no processo de criação e eles preenchem algumas cenas. Pela experiência do Solo, textos meus acabam entrando, mas sempre na cena, no quente, na frente do público.
Não estou inventando nada. Minha inspiraçaõ primeira vem de Denise Stoklos e seu Teatro Essencial. Além de fazer um trabalho baseado em minhas próprias experiências, o que trago de mais forte é o fato de viver o risco ali, na frente do público, onde o processo artístico há de acontecer, como um artista de circo, que vai para o tudo ou nada. Claro que meu risco é menor, posto que não é físico, mas garanto, o medo é enorme, e, segundo Denise, é essa possibilidade do medo do ator, de sua coragem de encarar o risco que atrai o público.
No caso do futebol o momento é parecido. O jogador que passa pelo túnel que o leva do vestiário ao gramado, não sabe qual seráo resultado. Não sabe se vai fazer ou perder um grande gol. Não sabe se vai se machucar, levar uma porrada definitiva. Vai para o tudo ou nada. Uma verdadeira batalha de baixo do sol, regada a muito esforço físico. E isso encanta!!!
Bom, amanhã estarei entregue à força da cena. A inspiração inicial e que permanece como princípio é a imagem do alambrado e a polissemia da palavra torço (que se manuscrita podemos brincar com o s ou com o ç, alcançando diferentes sentidos).
Torço para que meu torso aguente.
Torço para que um torço me enfeite!
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