domingo, 2 de outubro de 2011

SERVIDORES PÚBLICOS: carta fora do baralho



Gente, eu sei que a gente só grita na hora em que o calo aperta e eu tenho que confessar que o meu apertou e por isso agora, eu vou gritar!

Foi com muita alegria (e estudo!!!) que eu passei no concurso pra Professora de Teatro da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Estabilidade no emprego, possibilidade de realizar meu sonho de viver com o teatro, interlocução com o interior, enfim, muitas alegrias.

Mas, descobri a duras penas que em tendo me tornado funcionária do estado eu fiquei impossibilitada de participar de todo e qualquer edital ou concurso promovido pelo meu empregador.

Aí eu fique pensando um pouco no sentido dessa proibição, assim, em toda e qualquer atividade e pensei que é possível a gente tentar fazer uma reflexão sobre essa proibição. Parece que é mais fácil copiar o parágrafo da proibição e colar, sem nem dar uma refletidazinha com a classe sobre o assunto. Ou será que já teve e eu perdi? Pode ser, né...

Primeiro porque as leis não são naturais - a não ser as leis naturais, obviamente - e elas devem servir aos interesses daqueles que a criaram, nós, as pessoas. Então, se em algum momento elas deixarem de fazer sentido da forma em que foram criadas, elas podem ser extitnas ou transformadas, certo?

Segundo porque a gente tem percebido que os artistas têm ingressado cada vez mais no funcionalismo público, quer por concurso, quer por Reda ou outros meios. Na área de educação, administrativa, enfim. A gente tem que comer, né, gente... Quantos estudantes recém formados em Licenciatura foram aprovados no concurso recente para professor de arte do ensino médio na Bahia? E aí? Não poderemos mais participar de edital nenhum? Porque felizmente nós  na Bahia (em Jequié e em Salvador) temos um perfil de licenciatura que dialoga muito com a prática artística, então muitos dos nossos professores de teatro são atores, diretores, artistas das visualidades, das musicalidades... artistas. Ponto!


Eu tava até me conformando com o edital de montagem, pensando em possíveis razões para essa inflexibilidade, porque é não poder participar de forma direta nem indireta, ou seja, eu não posso ser proponente e nem estar na equipe. Depois veio o edital de circulação. Eu não posso botar minha peça de novo em cartaz no projeto de verão e agora o que mais me doeu: eu não posso participar de um concurso de crítica, que pra minha carreira seria tão importante, por conta  do blog, por conta de meu trabalho como professora de dramaturgia e por conta do meu doutorado que é em recepção estética. Não posso! Não posso mais nada com a Secretaria da Cultura...

Eu gostaria, muito honestamente de entender os motivos, se alguém souber, pode escrever nos comentários. Será que é para evitar favoritismo? Mas o concurso de crítica é por pseudônimo... Será que é porque acham que encontramos um emprego TABAJARA  e nossos problemas acabaram e que com nosso salário dá pra viver e ainda montar um espetáculo? Será que é porque ... ou porque, ou ainda porque.... Eu juro que não sei. Quero ouvir o que vocês acham.

Gostaria de convidar a comunidade artística, os nossos gestores para debatermos um pouco mais sobre essa questão e sei que vão dizer, "Ah, só agora, né, porque não pode mais..." Mas me digam vocês, quem luta por mudanças é quem precisa delas, né não? Qual é o grande problema de nosso país se não o fato de termos secretários de transporte que não pegam busu?

Enfim. Tá feito o desabafo. Vou mandar um email para Nehle Franke, Albino Rubim, Elísio Lopes pedindo para abrir um debate sobre o assunto. Podemos ver como é o caso em outros estados e mesmo como acontece com os editais federais. Imaginem, Alam é funcionário federal e eu estadual, não podemos mais pleitear verba num mesmo projeto... Ele não pode no Minc e eu não posso na FUNCEB... Lascou.

Não precisa ninguém sugerir que a gente abra mão do emprego, tá gente... sem grosserias, por favor.


Pronto, desabafei. Gostaria de saber o que vocês pensam sobre. Vou aguardar ansiosa!

5 comentários:

  1. Bonita,

    Vou enviar seu texto para meu amigo todo sabido em Administração Pública. Não garanto uma resposta dele, mas vou cutucá-lo.

    Beijocas,
    Sarah

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  2. Pôxa, valeu Sarinha. É bom saber até onde as coisas que a gente não acha nada legais, são legais de fato. Vou ficar no aguardo.

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  3. Pois é Drica, acho que essa lei tem que mudar, eu passei no concurso do Estado e também não vou poder mais participar de edital. E no grupo que eu estou ( Cia de Teatro Hedônicos) o diretor que é Tássio Ferreira, também passou no concurso, então como é que fica?

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  4. Então, meu anjo, como lhe falei, enviei seu texto-desabafo para meu amigo, que lhe conhece dos palcos. Ele me enviou a resposta que partilho abaixo. Bom, não é nenhuma grande pista, mas partilho assim mesmo.

    Beijocas mil,
    Sarinha

    O texto dele:

    "Tudo bem? Lembro sim da Adriana. Gosto muito dela. Acho uma figura bastante interessante! Quanto aos questionamentos dela, precisaria ver os editais e pesquisar a legislação estadual, mas ela já aponta a provável resposta: o combate ao favorecimento, ao nepotismo e outras práticas similares. Na verdade, é uma vedação bem comum no serviço público. A merda é que vivemos numa realidade na qual prevalece a idéia de que todos querem se beneficiar, que o público não é de ninguém e, por isso, podemos tirar todo proveito dele. Ainda vigora o pensamento que todos que estão no serviço público são corruptos ou se tornarão logo que passar a "fase da ideologia". Enfim, essas coisas que procuramos combater nas nossas labutas diárias. É isso. Tb desabafei um pouco..."

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  5. Só corrigindo, Alam mesmo sendo professor do IF pode concorrer ao Myriam Muniz, porque lá a restrição é apenas para funcionários que trabalham diretamente com a FUNARTE. Mais sensato, não?

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