sábado, 16 de abril de 2011

PRÊMIO BRASKEM 2011 - Não vi... nem posso comentar

É, mais uma vez eu não fui à entrega do Prêmio Braskem. Vai entender essa pessoa que estuda teatro e fica em casa...

Mas, minha amiga Poliana Bicalho foi, e atendeu ao meu convite de dizer umas duas palavrinhas sobre o evento. Aqui, suas considerações sobre a festa. Obrigada, Poli.

Aproveito para enviar meu cumprimentos aos premiados, ao indicados, aos esquecidos, mas sobretudo ao meu colega de luta Cooperado Fábio Vidal e meu amigo Paulo Henrique Alcântara. Abraços.


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“Não vou à premiação do Braskem de Teatro, pois sempre é a mesma coisa, é uma cafonice só.”

Assim colocou um aluno do PPGAC/UFBA e profissional da área de teatro ao ser indagado sobre sua presença no evento do último dia 13 de abril de 2011. Mas, apesar da sua negativa que por certo foi a de tantos outros artistas, naquela noite o Teatro Castro Alves teve a casa cheia para prestigiar o evento.
A cerimônia dirigida por Luiz Marfuz abrangeu na sua preposição artística o diálogo entre o teatro e o cinema baiano e nacional, como espaços de trabalho e de reconhecimento do ator baiano. Sendo fortemente caracterizado por uma narrativa de valorização deste profissional, que hoje enfrenta crise na sua produção. Entre uma premiação e outra o público foi conduzido pelo ator Daniel Boaventura que teve a difícil tarefa de impedir que os premiados delongassem demais e que seus discursos não oportunos atrapalhassem o brilho da noite.
Uma heterogênea classe artística foi colocada no palco: Carlos Betão, Ângelo Flávio, Mário Gadelha, Aicha Marques , cito apenas alguns, para melhor exemplificar uma verdadeira miscelânea que caracterizou o evento. Além da entrega dos prêmios aos melhores do ano de 2010, a noite foi de homenagens ao ator Wilson Mello e a atriz Haydil Linhares (ambos in memorian) e Wagner Moura como homenagem especial, que para o ator é o prêmio mais importante de sua carreira.
Nas premiações, tive a sensação que o público agiu de acordo com a previsibilidade dos resultados, mas os prêmios mais comemorados foram sem dúvida o de Fábio Vidal com Sebastião na Categoria Melhor Ator e Zebrinha com coreografia no espetáculo Bença na Categoria Especial.  Nos demais premiações as mais contestadas nos bastidores foram de melhor espetáculo e de melhor atriz. Mas sejamos francos! É impossível ter uma unanimidade!
Sabemos que a 'preferências afetiva', na maioria dos casos, é critério predominante, uma vez que muitos naquela platéia simplesmente não conhecem o trabalho dos demais concorrentes. Atire a primeira pedra se você assistiu a todos os espetáculos que concorreram naquela noite.
A premiação teve uma áurea de glamour sobre o profissional de teatro baiano. Digo, soteropolitano, que em meio à política de descentralização dos recursos financeiros por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, à falta de um empresariado local que acredite e que apóie a cultura, tem a sua estrela ofuscada.
Assim, inevitavelmente nos discursos dos contemplados a falta de apoio e principalemente queixas sobre o repasse de recursos da SECULT foram colocados. Interessante é que naquele mesmo dia, recebi a informação de que um decreto publicado no Diário Oficial da Bahia, do dia 12/04, sinaliza o corte de cerca de 50 cargos comissionados da Secretaria, sendo a FUNCEB a autarquia com o maior corte de profissionais.  
Bom, mas a noite era de alegria! E assim, muitos bons exemplos de artistas bem sucedidos foram mostrados e entre eles os globais Lázaro Ramos e Wagner Moura e não cabe aqui questionar sobre o talento deles, mas digo: existe um modelo globo de sucesso e este alimenta dezenas e dezenas de jovens que ingressam no teatro. Um contingente cada vez mais alienado, egocêntrico e desmobilizado!
 Mas, deliciosamente o crepúsculo foi de encontro entre o profissional e amador, o novato e o veterano, de gente igual que tem o Braskem como único evento capaz de agregar tantos fazedores de teatro. Evoé Baco e até o próximo Braskem!



Poliana Bicalho é jornalista e formanda em Licenciatura em Teatro pela UFBA. É bolsista do Programa de Iniciação Científica CNPQ, pesquisando questões relacionadas à recepção teatral e a formação em teatro nas escolas de Salvador. É isso, Poli?







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6 comentários:

  1. Poli, que cara de pau. Vim comentar... rsrsrs. Acho que o Prêmio Braskem é essa faca de dois legumes. Ao mesmo tempo em que é tão importante - temos o livro de Uzel para provar - acaba por cometer uma série de injustiças. Ter diminuido o número de premiações, por exemplo, eu acho terrível. Tinha era que ter aumentado. Tirar o juri popular, tb, eu acho que deveria ter um outro jeito de a platéia votar. Acho que deveriam ter tocado nessas questão - se é que não tocaram. Mas, acho que é importante a Braskem continuar apoiando, porque sem um prêmio nosso teatro teria ainda menos visibilidade tanto aqui com no resto do país. Acho que o prêmio deve ser incrementado (é assim?). Quanto ao padrão Globo e à alienação dos novos atores acho que dá muito pano pra manga. Acho que motivo para fazer teatro cada um tem o seu e não sei se devemos julgar o motivo de cada um. Até porque eu tenho quereres de alma que a consciência morre de vergonha... Enfim, papo pra boteco. Obrigada, amiga pelas palavras. Adorei te publicar. Bjoca.

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  2. É isso sim! Na verdade, precisando treinar essa coisa do jornalismo (rsrsrs)também sou aluna especial do PPGAC/Ufba.
    Bom...muito pano pra manga mesmo! Tem questões que precisam ser discutidas, detalhadas sobre o fazer teatro nesta cidade e apesar de todas as críticas o prêmio Braskem é importante sim! Trouxe o meu olhar em construção, inserido neste imaginário coletivo e permeado de subjetividades.

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  3. Poli arrasou no texto. Se fosse eu, com certeza seria mais ácido. Foi o prêmio mais insoso que tivemos, seja ans escolhas dos juris, seja no comportamento de alguns premiados, sejam nas relações que algumas pessoas de teatro insistem em sustentar na cerimônia ou não. Enfim... É muita coisa, todavia me senti contemplado.

    Dali jornalista!

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  4. Foi um post bastante inteligente Poli.

    É difícil pensar em teatro e em BRASKEM sem falar de FUNCEB, sem falar de estrelismo, sem falar de todo o glamour tão sonhado por tantos e criticados por outros.

    Concordo com Adriana quanto aos desejos escondidos, os quereres da alma. Todo mundo tem o seu, lá no fundo todos tem sim. e são legítimos. Por que não?

    Apesar de não ter ido ao Braskem e não poder falar com tanta propriedade, concordo com Poli quanto ao fato de se evidenciar num prêmio de teatro, atores que fizeram sucesso no cinema e na televisão é você subjetivamente incutir um padrão de sucesso para ser artista. Isso gera uma grande discussão.

    Não devemos esquecer que o Prêmio Braskem é de Teatro. Falo isso principalmente por ter percebido nos comentários televisivos depois que o auge do Braskem foi a homenagem a Wagner Moura, dentre tantas homenagens inclusive a Wilson melo, um homem de teatro e Haydil Linhares.

    Enfim... o importante é questionar sempre.

    parabéns ao blog de Adriana e o post de Poliana.
    ate rimou! rsrs

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  5. Pois é!
    A direção da cerimônia na verdade foi de Elísio Lopes. Também não fui ao prêmio esse ano. Mas tem uma importância grande para o teatro baiano. Inegável. Maria de Souza, parabéns outra vez!!!!!!!

    Evoé é em Jequié!

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  6. Vixe fui eu... Roberto de Abreu! Rimou

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