domingo, 6 de março de 2011

COM A CARA LISINHA, LISINHA... ou CAMAROTE, A ADBUÇÃO DO CARNAVAL!!!


Mão, não é do Bel que eu tô falando... Ainda não.



É do povo que frequenta camarote.

Gente, se eles pudessem eles desceriam de helicóptero dentro do camarote.

O povo que usa camisa de camarote e passa pelos becos da Barra tem a cara mais lisa do que a de Bel depois da Gillete. E olha que eles não devem nem chegar perto dos 2 milhões do cara (da cara do cara, enfim...)

As mulheres andam com verdadeiras pernas de pau. Aqueles saltos imensos com shortinhos brancos, impecáveis e suas escovas inteligentes como as próprias...

Você percebe logo quem é de camarote porque estando nas ruas, ele ainda não chegou na festa. Então é aquela cara de quem tá passando apenas. Mas ao seu redor está nada mais nada menos do que o carnaval de Salvador, a maior festa popular DO PLANETA!!!.

Aí eles olham com aquela cara de "eu sou rico e sou turista, por favor, não mexam comigo" ou "eu não pertenço a este mundo, eu pertenço àquele ali". E eles revelam uma impossibilidade crônica de serem felizes ali, dentro da festa. Parecem que eles foram abduzidos!!! Porque a gente que tá na festa, mesmo quando tá andando pra ir parr o ponto de ônibus, para o estacionamento, a gente tem aquela andadinha de carnaval, que vai na corrente, que dá uma dançadinha, mas o povo de camarote, não. Eles andam literalmente em cima do salto. Insisto, como quem está indo pra festa. Sem se darem conta de que já estão dentro da festa, pobre povo rico. E quando chegam ao camarote: pronto, saíram da festa!!!

Eu tenho uma antipatia crônica por camarote. Primeiro pela questão de distinção social que é gritante. Depois porque ocupa muito espaço na rua. E também porque fez o carnaval ficar passivo. No Campo Grande a gente se desgraçando no chão para ver Ivete e o povo do Camarote parecendo que tava assistindo a um concerto de música clássica. Também não gosto porque acho sem vida, acho uma forçãção (é assim que escreve? Estranho...) de barra (Barra-ondina). É uma coisa Revista Caras, completamente esvaziada de vida e de sentido. Só um detalhe tá: eu nunca fui a um camarote!!! Podem me atirar todas as pedras. Podem até dizer que é inveja de quem vai. Nem ligo!!! Não gosto mesmo. Será que se me derem um convite eu vou? Bom, deixa alguém dar e aí eu falo sobre a experiência (de ter negado ou de ter ido...)

Mas, eu tenho que falar agora da cara lisinha do Bel. Ou não...

Oh, gente, quero falar dos 2 milhões de reais, não.

Quero falar das milhares (ou serão milhões???) de pessoas que vão ao som so Chiclete. Só sabe a magia de ver o Chicelte na rua quem já viu pessoalmente. E quem já viu, inevitavelmente fez parte daquilo. É um momento encantador.

Se ele é um artista de direita, mercenário, burguês, tudo isso perde o sentido quando este homem começa a cantar. Canções bobas até de tão simples, com uma receita que todo mundo já sabe qual é, mas, meu Deus, como aquilo funciona. Como o mundo é mais bonito quando o Chiclete toca e a gente canta junto. O carisma de Bel Marques realmente... Eu fico imaginando o dia em que esse homem morrer. A Bahia pára. E Antônio Carlos Magalhães vai morrer de novo de inveja, por não ter causado a mesma comoção. Mas, peraí, "Vida longa a Bel Marques!!!"

O circuito se transforma. Todo mundo só fala a mesma coisa: "É o Chiclete que vem vindo..." E todos, pobres, ricos, negros, brancos, baianos, turistas, foliões, trabalhadores da rua, (menos quem tá indo pro camarote...) todos nos voltamos para o palco móvel para ver este grande artista passar.

Não tenho muitas considerações a fazer, porque acho que aquilo é exatamente aquilo. Está na dimensão do intraduzível em palavras. É uma energia, quase um transe que nos leva para outro lugar. Um lugar melhor, eu garanto.

E todos os discursos anti-carnaval, anti-axé, anti-alegria só revelam a ignorância crônica de quem nunca viveu tamanha alegria.

É impressionante ver o Chiclete passar. Eu lamento que tenha reduzido sua passagem pelo Campo Grande - que está cada ano mais esvaziado. Lamento porque acho que o público daqui sente muita falta e porque este público vai descer atrás de Bel na Barra e a Barra não vai aguentar... mas, enfim, que repensem suas estratégias de marketing. Não dá mais para fugir do povão, Bel Marques.


Ah, só mais uma coisinha sobre o Chiclete, que eu gostaria de pontuar, é que ele tem uma carreira extremamente sólida trabalhando aqui na Bahia. O foco de sua carreira é aqui e o alcance nacional - eu acho - é consequência. Não me parece haver um esforço ou interesse em forçar uma carreira nacional ou mesmo internacional. Se um procura pelo outro, é mais o mercado de fora que procura pelo Chiclete. Isso eu acho de lenhar...

É isso, folião, querido.

Amanhã tem Mudança do Garcia e feijoada de Rogério. Vou tentar conciliar os dois.

8 comentários:

  1. Ah, eu esqueci o mais importante: BEL É BAÊA!!! CLARO!

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  2. Adriana, apesar de frequentar um Camarote - não por vontade própria, mas por conta do destino - eu concordo plenamente com você sobre " as caras de Camarote". É incrível como aquelas pessoas não pulam, não se divertem e não sentem a mesma energia do Carnaval só porque elas estão no Camarote - ou não também , pode ser que elas não sintam tantas outras coisas na vida também!
    Enquanto quem não tem cara de camarote e tá ali se acabando só por tá ali e ver os cantores de mais perto, a outra galera faz cara de paisagem e parece apenas se divertir quando tem o show particular para eles - na banda ou no som eletrônica de música eletrônica. È esquisito, é muito estranho e você fica sem saber se pode manifestar toda a sua alegria sem parecer um palhaço no meio do circo!

    Não quero parecer hipócrita em estar defendendo um discurso contrário aos camarotes e por frequentar o lugar - uma vez na vida a cada ano - e depois tá dizendo que não gosta, mas acho que quem vive verdadeiramente o Carnaval no meio da multidão, no chão, na pipoca sabe o que é viver todo o transe carnavalesco de 7 dias de festa de pura alegria.

    Uma pena que os circuitos estejam cada vez mais apertados para os pipoqueiros de panela, tomados por gente que faz cara de pipoca de microondas! Mas que a gente se diverte mais do que eles, não tenha dúvidas!!!!!!

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  3. Brisa, obrigada pela participação. Adorei pipoca de microondas (sempre achei que ela cheira a chulé...). Quanto às contradições, somos feitos delas, não é verdade?!?

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  4. N resisiti a sua provocacao e a seu marketing. Fui ler! Achei a foto de entrada linda, mas ainda n entrei! kkk.Irei comentar, um pouco, sobre o post onde vc grita p uma estética em cima do trio elétrico. Nesse ponto, eu tiro os meus cabelos (pq n tenho chapéu) para Daniela Mercury. Ela é uma artista de palco. Tem senso estético p dar e vender e mandou todo mundo descer. Fez do seu trio, um palco com apresentacoes que sao um deleite p quem vê! Sim, pq ver de lá de baixo, tá difícil! Ainda assim, adoro e sou fan do trab dela. O que quero dizer é que Daniela, já dancava, n veio de uma banda. A experiência que se tem de palco e do uso de seu espaco é outra! A relacao de Daniela, eqto artista com seu corpo é outra. O que acontece com os demais, q abarrotam o trio com "pencas de bananas-gente" é que quem manda alí, muitas vzs sao os PATROCINADORES ou no caso do Chiclete q deve ser seu próprio patrao.os familiares e amigos.do amigo, do amigo ( adorei isso )De fato, se tirassem, metade, digo: metade das pessoas de lá de cima, já ajudaria e muito da despoluicao do visual. A coisa, na verdade, precisava se modernizar, pq o q acontece é que esse modelo de levar o povo em cima do trio é muito antigo e eram eles(os amigos, do amigo, do amigo) que ocupavam o lugar do povo, hj, no camorote: - Olha como eu sou importante! Vcs se matam, aí em bx e eu n danco, só balanco os bracos (q nem boneco de posto...q na época nem existia) e vou sentado nesse sol, o tempo todo! Mas eis que surgem , os camarotes...agora verdadeiros clubes, sobre as armacoes em cima de calços de madeira. E lá, dentro deles...os zumbis ou abdusidos que nossa querida Drica fala tao bem! Mas eu acho q tenho o antídoto:

    (TO BE CONTINUED)

    Felice Souzatto (atriz)

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  5. PARTE 2: POVO DA RUA! Povo que se diverte no chao e faz o carnaval a tempos.PAREM DE OLHAR O POVO DO CAMAROTE! Parem de olhar as carnes do acougue. N lhes deem importancia e vejam como despotencializaríamos (ufa, qse n sai) wssas "estantes de serve gente". No fundo, eles querem mesmo é estar em seu lugar, no chao, se acabando, suando, e exorcizando as bruxas e os demônios, todos!!!!!! O problema é que o povo, n sabe o poder que tem e tem mania de se sentir inferior, qdo a rua, na verdade, pertence a ele. E olha e aponta e tira foto... Basta alguém, apontar com um dedo (indicador) p num camarote, q todo mundo pára de dancar(inclusive) e faz aquele engarrafamento no meio da ru. E é um empurra-empurra e coisa e tal!
    Vamos apontar outro dedo p isso! Vamos, na verdade, convidar essas pessoas p descer!
    Lembro-me, qdo Daniela Mercury, fazia o arrastao de Ondina p Barra e eu ia dancando, correndo, pulando e gritando, kk... e chamando as pessoas p virem junto. As caras eram de admiracao. "- Como alguém, ainda tinha gás às 7h da qua de cinzas p estar daquele jeito?" E sorriam e tinham, de certo, vontade de irem p rua tb. Mas n vinham! E veja qto tempo tem isso...bote aí uns 10 anos! Já tive oportunidade de estar em pipoca, em bloco e em camarote ( Drica, se tiver tb, vá), até "cordeira", eu fui ( eu negociava com os cordeiros, do bloco q eu queria seguir, fazia amizade, ia colada na corda e era protegida p eles, ainda "ajudava" a galera e era protegida. Me divertia horrores e os amigos q iam junto comigo adoravam! Era o lugar onde eu me sentia, mais segura, naquela época! Sem igual!
    Qdo estive num camarote, a merda era, n poder assistir os trios. Os " abdusidos", se amontoavam nas áreas de visibilidade, n dancavam, só parasitavam alí e atrapalhavam quem queria ver algo, um pouco.
    Mas enfim, camarote tb tem seu "q". Banheiro limpo, um sofazinho p sentar, vez em qdo é um super diferencial. Enqto, servicos básicos (banehiro p ex) n funcionarem...entre outras coisas, "Camarrota", ainda terá seu lugar!
    E pesando, lá atrás...nos teatros...p quem eram os camarotes??P quem pode pagar mais ou vende bem a imagem, quer assistir, mas n quer se misturar!
    P mim, eles até devem existir, mas n deveriam asfixiar o povo! O carnaval daqui, tá vendendo incrívelmente! As coisas estao mudando, n se sabe bem ainda, o que e nem pra quem, mas algum corpo irá tomar! vamos ver!
    bjs, Fe.

    PS - Há dois anos n pulo carnaval e n sinto falta. Minha pele n treme e n sinto o cheiro de MIJO, da rua! O ano vai comecar...Feliz, 2011, Salvador!

    Felice Souzatto (Atriz)

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  6. Querida, obrigada pelas palavras livres e sinceras e tão reveladoras. Concordo plenamente com vc sobre La Mercury (rainha absoluta) e gosto de saber que não sou a única a achar que ainda tem jeito... Obrigada mais uma vez.

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  7. Po Adriana, que pena que descobrir o seu blog apenas hoje, mais sou completamente d'acordo com as suas suas consideraçoes, o carnaval de Salvador é lindo porque o povao participa dele diretamente, a galera chama Maimbe, vai busca dalila, voa voa para a alegria axe-pagodeia, e faz tudo que tem direito nestes dias de esplosao de adrenalina e ferormonios trieletriquiano (esta palavra de Odorico Paraquassu) mais que representa bem o que é o nosso carnaval, outro lado muito importante da nossa festa esta tambem por conta dos afoxes grandes responssaveis por tudo isso, onde beleza e simplicidade si misturao de forma muito harmonica. Vamos fazer uma coisa para ser como nosso é o nossocarnaval democratico e do povao vamos deixar as pipocas de saquinho nos seus microndas, pois, assim elas nao passam pelas ruas com carra de to nem ai pra veces e nos ganhamos mais espaço para soltar a franga, cai na gandaia ou qualquer termo que defina bem o nosso carnaval. Deixa essa galera la que melhor.
    Se um dia vc for convidada pra ir a um camorote va, mais nao faça como a galera de la curta bem e depois volte a ser pipoca de rua. Mil beijos e muito axe pra vc

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  8. Anônimo, obrigada pela visita. Acho ótimo tudo o que vc diz, e realmente tenho estudado dioniso e apolo e acho que o camarote é apolinizar o teatro. Mas, adoro sua proposta de deixar estes chatos lá, para dar mais espaço pra gente fechar horrores. KKKKKKKK. Odeio a cara deles de TÔ NEM AÍ PRA VCS!!!! kkkkk. Abraços e volte sempre.

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